Policial
O que se sabe sobre a prisão de militar com 39 kg de cocaína em avião da FAB na Espanha

Presidente em exercício, Hamilton Mourão, qualificou como uma “mula qualificada” o segundo sargento da Aeronáutica.
Um sargento da Força Aérea Brasileira (FAB) foi detido na
terça-feira (25/06) sob a acusação de transportar 39 quilos de cocaína dentro
do avião da equipe que dá suporte à comitiva do presidente Jair Bolsonaro.
O sargento da FAB integrava a comitiva de 21 militares que
partiu de Brasília com destino a Osaka, no Japão – e fez escala no aeroporto de
Sevilha, no sul da Espanha.
A detenção do militar brasileiro ocorreu durante um controle
aduaneiro de rotina. O avião da FAB é um modelo Embraer 190, do Grupo Especial
de Transporte da FAB.
Segundo a Guarda Civil, força da polícia espanhola
responsável pelo controle aduaneiro, a droga estava dividida em 37 pacotes
dentro da bagagem de mão do militar com iniciais M. S. R., 38 anos, casado. Depois
da detenção do sargento, os demais militares puderam seguir viagem ao Japão.
De acordo com informações de fontes da Guarda Civil, o
militar ficou detido na GC de Sevilha antes de passar à disposição judicial na
manhã de quarta-feira (26/06).
O brasileiro será acusado de tráfico de drogas, descrito no
Código Penal espanhol como crime contra a saúde pública. Segundo o jornal
andaluz Diario Sur, investigadores acreditam que o destino final da cocaína
fosse mesmo a Espanha.
Reação do governo brasileiro
O avião da FAB em que ele estava transportava equipe de
apoio à comitiva de Bolsonaro, que participará da reunião do G20, no Japão. O
presidente, que embarcou na noite de terça-feira, não estava na mesma aeronave
do sargento.
Em diálogo pelo Twitter, Bolsonaro determinou que o
Ministério da Defesa colabore com as autoridades policiais espanholas na
investigação do caso. O presidente afirmou ainda que a FAB tem “cerca de
300 mil homens e mulheres formados nos mais íntegros princípios da ética e da
moralidade”.

Em nota, o Ministério da Defesa e o Comando da Aeronáutica
repudiaram “atos dessa natureza” – e informaram que determinaram a
instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM) para elucidar o caso.
“MULA QUALIFICADA”
O presidente em exercício, Hamilton Mourão, qualificou como
uma “mula qualificada” o segundo sargento da Aeronáutica.

Segundo o general, o militar era “taifeiro”, ou seja,
atuaria no serviço de copa da aeronave presidencial quando Bolsonaro fizesse
uma escala na Espanha ao retornar do Japão ao Brasil, após participar da cúpula
do G-20. O avião de apoio que transportou o militar aguardaria a escala do
presidente, programada para o fim de semana. “É óbvio que, pela quantidade
de droga que o cara estava levando, ele não comprou na esquina e levou, né? Ele
estava trabalhando como mula. Uma mula qualificada, vamos colocar assim”,
disse.
Hamilton ressaltou ainda que, as Forças Armadas não estão
imunes ao tráfico de drogas e que o militar preso receberá uma “punição
bem pesada”. De acordo com ele, não é a primeira vez um militar é detido
carregando entorpecentes.
“As Forças Armadas não estão imunes a esse flagelo da
droga. Isso não é a primeira vez que acontece, seja na Marinha, seja no
Exército, seja na Força Aérea. Agora, a legislação vai cumprir o seu papel e
esse elemento vai ser julgado por tráfico internacional de drogas e vai ter uma
punição bem pesada”, disse.
O problema de consumo de drogas entre jovens militares é uma
“preocupação constante”, o que leva as Forças Armadas a fazer um
trabalho de conscientização, completou.
“Agora, o mais importante é ver as conexões que ele (militar) poderia ter, porque uma atitude dessa natureza não brotou da cabeça dele. Com certeza existem conexões nisso aí”, finalizou.
OUTROS CASOS
Não é a primeira vez que um membro da FAB é acusado de usar
a condição de militar para o tráfico de drogas na Espanha, segundo o jornal
espanhol El País.
Em abril, o Superior Tribunal Militar (STM) brasileiro determinou a expulsão de um tenente-coronel que transportava 33 quilos de cocaína em um avião da FAB, um Hércules C-130, durante uma escala em Palmas de Gran Canaria. Outros dois militares julgados no mesmo caso já haviam sido expulsos da corporação. O crime ocorreu em 1999, e o comandante foi condenado a 16 anos de prisão por pertencer a uma rede de tráfico internacional de cocaína usando aviões da FAB.
Com informações da BBC e Folha de S.P
